Sunday, December 28, 2008

À Mesa do Mundo - Taberna Ideal (Lisboa)

De visita a Lisboa, encontrei uma A Taberna Ideal que abriu há poucos meses e que trouxe uma mensagem diferente mas clara: o restaurante assume-se como alternativa a um modelo com uma presença cada vez mais forte nas cidades europeias, que confunde cozinha de autor com pratos feitos a eito, polvilhados com endro e adornados com riscos de redução de vinagre balsâmico. Na Taberna Ideal encontramos a “louça da avó” e o cada vez mais raro mobiliário de mármore e madeira. A comida chega à mesa com aquele aspecto rústico que, hoje, só é encontrado nos restaurantes dominados pelo aço inoxidável, de onde apetece fugir. Claro que esta opção corre o risco de ser paradigma, ou, utilizando palavras mais urbanas, moda. O chique já anda à espreita e o dia em que esta Taberna se vai transfigurar em lugar para ser visto não deve tardar. Entretanto, aproveitemos a comida que está muito acima da (baixa) média em que caiu a hotelaria portuguesa nos últimos anos (neste aspecto, há que culpar a crise). Não vou fazer crítica gastronómica, mas não posso deixar de destacar a tiborna, um petisco esquecido do Sul de Portugal. Aliás, a gastronomia algarvia parece ser um prato forte da Taberna Ideal e quero enaltecer aqui essa opção (mas posso estar enganado, porque em certas regiões do Sul as cozinhas algarvia e alentejana confundem-se). Na minha opinião, a cozinha do Algarve é a melhor de Portugal. É também a mais desprezada. Por isso, qualquer tentativa de apontar as baterias gastronómicas para o Sul é um serviço público.

Como não há tabernas ideais, tenho, pelo menos, dois reparos a fazer. O borrego estava óptimo, mas eu não lhe chamaria “ensopado”. E não deixem acabar a cerveja (ou o vinho branco fresco). Ah, e um balcão com espaço suficiente para beber uma imperial e comer uma tiborna, pelo menos enquanto esperamos por uma mesa, era muito bem-vindo. Mas isto é a alma granadina a falar. Sei que Lisboa e as outras cidades portuguesas já não conhecem a vida de barra. E nunca ouviram falar.

Resumindo, a Taberna Ideal é um lugar muito recomendável, especialmente para quem aprecia os sabores do Sul, e os reparos negativos não são mais do que pequenos detalhes num cenário louvável que não vos devem afastar do número 112 da Rua da Esperança, pois a relação qualidade/preço é, provavelmente, imbatível.

(Como disse, não quero fazer crítica gastronómica. Mas posso dar nota de prova positiva à tiborna de queijo de cabra, alecrim e mel, aos picos com castanhas, aos cogumelos, ao empadão de codorniz e às bochechas de porco preto com batata doce frita.)

Thursday, December 18, 2008

Caracóis

We all have our tastes. I don't understand why some people eat snails. I can't say for sure why I dislike them, but I can certainly think up a few stories. Maybe I have a certain kind of sensor on the cells of my tongue that goes into a spasm of dismay. Or maybe some network of neurons in my brain associates the taste of snails with some awful memory from my distant past. Or maybe I simply never had the opportunity to come to love snails because I grew up eating pizza and hamburgers and peanut butter. The gastronomic window has now closed.
Carl Zimmer, in Microcosm - E. Coli and the New Science of Life


Caracóis no Holandês de Portimão. Uma casa magnífica que fechou há cerca de um ano para reabrir noutro local da cidade (mas na última vez que passei por Portimão, há 4 meses, ainda não existia o novo Holandês). No entanto, quem ficou a tomar conta da tasca sita na Rua Dom Carlos I não está a fazer um mau trabalho. Recomenda-se.

Carlos Miguel Fernandes

Monday, December 01, 2008

Gambones Marinados

...com três partes de azeite (Crismona, um excelente produto da província de Córdoba) para uma de vinagre (de Jerez), alho, ajos tiernos, sementes de coentros, sal e pimenta preta. Crus, claro.


Carlos Miguel Fernandes